sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

HIF - Hypoxia-Inducible Factor... um fator de transcrição

Caríssimos estudantes da Faculdade Leão Sampaio, meus amigos, hoje eu gostaria de conversar com vocês sobre uma molécula bastante interessante, o HIF. Contudo, para início de conversa eu preciso dizer que se trata de uma proteína que se comporta como FATOR DE TRANSCRIÇÃO.
Alguns de vocês, perguntarão “- Fator de quê?” e eu respondo: “- Fator de transcrição”. E continuo informando que um fator de transcrição é uma proteína que se liga ao DNA e permite que a partir do código presente na molécula de DNA (gene) produza-se uma molécula de RNA.
Assim, a transcrição é produzir RNA a partir de DNA, e o fator de transcrição é uma proteína que permite que isto aconteça. Ou melhor, que faz com que isto aconteça.
“- Como, prof. Flávio? De quê forma, um fator de transcrição faz isto?”
“- Bem, meu colega. Há diversas formas e há diversos fatores de transcrição para que isto ocorra. Alguns fatores de transcrição localizam a região em o gene (sequência a partir da qual será produzido um RNA pré-mensageiro) se inicia. Outros fatores permitem a ligação da RNA-polimerase. A RNA-polimerase não é um fator de transcrição, mas realiza a transcrição.”
Agora que eu expliquei o que é um fator de transcrição (há mais detalhes que poderiam se ditos), passo a falar mais detalhadamente do nosso HIF. Sim, nosso! Afinal todos temos, graças a Deus!
HIF é a sigla de uma proteína que se chama “hypoxia-inducible factor”, ou em bom português Fator Induzido por Hipóxia. E como já foi dito é um fator de transcrição, significando, portanto que permite que alguns genes sejam transcritos e se produza determinados RNAs, e, a partir destes, proteínas.
Contudo, nos nossos tecidos bem perfundidos, e, portanto, com boa oxigenação não há hipóxia. E este fator é induzido por hipóxia. Assim, apesar de até formarmos HIF em células que estão recebendo oxigênio, este não se mantém porque é degradado. O HIF sofre ação de enzimas (na presença de oxigênio) sendo hidroxilado e ligados a ubiquitinas. Desta forma o HIF é direcionado para os proteossomas e destruído.
Duas informações úteis àqueles menos habituados com a citologia, é que uma das organelas (que eu poderia chamar de não clássicas) é o PROTEOSOMA e a outra informação é que UBIQUITINAÇÃO é a ligação de ubiquitina em proteínas que devem ser degradadas. Em cada célula humana pode existir até 30.000 proteosomas. Imagine como este sistema é eficiente em remover proteínas.
PARA SABER MAIS SOBRE UBIQUITINA consulte o Wikipedia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ubiquitina
PARA SABER MAIS SOBRE PROTEOSOMA consulte o Wikipedia em
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Agora, retomando o nosso raciocínio, HIF é produzido, porém degradado em condições de perfusão normal, ou seja, quando o sangue consegue levar oxigênio para as células.
Mas existem situações FISIOLÓGICAS (pensar em cartilagens e no desenvolvimento embrionário) e situações PATOLÓGICAS (pensar em uma isquemia causada por um trombo em uma artéria cardíaca) em que a disponibilidade de oxigênio para as células é baixa. A estas condições damos o nome de HIPÓXIA (se for muito extremo até mesmo anóxia).
Querida(o) estudante de genética da Odontologia, ou de Patologia do curso de Biomedicina ou Fisioterapia, neste primeiro período de 2011, de uma forma ou de outra este assunto te interessa.
Observe que para degradar o HIF é necessário o oxigênio, mas sob hipóxia não há o oxigênio para permitir a degradação do HIF e este se acumula. HIF-1 (sim, há mais de um tipo!) regula a transcrição de vários genes, inclusive enzimas que realizam a glicólise, e também os fatores de crescimento do endotélio vascular (VEGF).  A glicólise permite a produção de ATP mesmo na ausência de oxigênio (embora com baixo rendimento) e o VEGF estimula a produção de vasos sanguíneos para trazer oxigênio para as células “e resolver a parada!”.
A expressão de HIF em feridas também promove a migração de CERATINÓCITOS (células da pele), favorecendo o reparo da pele (ou mucosa).
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Dominar a tecnologia dos fatores de crescimento poderá nos permitir a controlar situações em que a hipóxia é inevitável, como durante cirurgias, câncer e feridas. Assim, poderemos avançar no processo de salvar os tecidos.

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